meus amores

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O QUE FAZER?


Decisão complicada, pra não dizer difícil.Começar a cortar o cordão umbilical, e deixar que os filhos adolescentes,comecem a trilhar seu caminho, sem a vigilancia de nós pobres mães que ficamos em casa entre a cruz e a espada, mas afinal de contas temos que lutar contra esse bendito instinto materno de querer proteger a cria de tudo e de todos. Não é fácil, mas sei que é necessário, afinal eles precisam andar com seus próprios pés, levar seus tombos, cair e levantar sozinhos para o bem do seu próprio crescimento.É preciso aconselhar, orientar e confiar, e deixar ir... Que bom seria se tivéssemos um armário e pudéssemos guardá-los por uns dois ou três anos lá dentro, mas enfim...que Deus em sua infinita misericórdia proteja meu filhote, e todos os adolescentes do mundo inteiro.

Vou postar aqui um trecho de um texto do Rubem Aves que retrata exatamente isso, essa angustia de ter que deixar ir.

"O tempo passa. Os pássaros tímidos aprendem a voar sem medo. Já não necessitam do olhar tranquilizador do pai. É a adolescência. Ser pai de um adolescente nada tem a ver com ser pai de uma criança. Pobre do pai que continua a estender os braços para o filho adolescente, como na tela de Van Gogh! Seus braços ficarão vazios. Como se envergonharia um adolescente se seu pai fizesse isso, na presença dos seus companheiros! É o horror de que os pássaros companheiros de vôo o vejam como um pássaro que gosta de ninho! Adolescente não quer ninho. Adolescente quer asas. Os ninhos, agora, só servem como pontos de partida para vôos em todas as direções. Liberdade, voar, voar... A volta ao ninho é o momento que não se deseja. Porque a vida não está no ninho, está no vôo. Os ninhos se transformam em gaiolas. Se eles procuram os olhos dos pais não é para se certificar de que estão sendo vistos mas para se certificar de que não estão sendo vistos! Aos pais só resta contemplar, impotentes, o vôo dos filhos, sabendo que eles mesmos não podem ir. Nos espaços por onde seus filhos voam os ninhos são proibidos. Mas eles terão de voltar ao ninho, mesmo contra a vontade. E o pai se tranquiliza e pode finalmente dormir ao
ouvir, de madrugada, o barulho da chave na porta: “Ele voltou...“




Gibran Khalil Gibran escreveu, no seu livro O Profeta, um texto dedicado aos filhos. Não sei de cor suas precisas palavras. Mas vou tentar reconstrui-las. É aos pais que ele se dirige. “Vossos filhos não são vossos filhos. Vossos filhos são flechas. Vós sois o arco que dispara a flecha. Disparadas as flechas elas voam para longe do arco. E o arco fica só.“